Depois de conquistar três medalhas na competição olímpica individual, em Paris 2024, os judocas do Brasil voltaram ao tatame da Arena Champ-de-Mars, neste sábado, buscando o último objetivo do ciclo: garantir a inédita medalha olímpica por equipes mistas. E ele foi alcançado. Em combate emocionante contra a Itália, a equipe foi medalhista de bronze e fechou, oficialmente, a melhor campanha do judô brasileiro em Jogos Olímpicos.
Escalado com Rafaela Silva (57kg), Larissa Pimenta (57kg), Ketleyn Quadros (70kg), Beatriz Souza (+70kg), Willian Lima (73kg), Daniel Cargnin (73kg), Guilherme Schimidt (90kg), Rafael Macedo (90kg), Léo Gonçalves (+90kg) e Rafael Silva “Baby” (+90kg), o time brasileiro – que teve entre seus técnicos o professor Antônio Carlos Pereira, o Kiko – foi bem nas eliminatórias e chegou à sua primeira disputa de bronze olímpica por equipes, que teve estreia no programa olímpico de Tóquio 2020.
Primeiro, bateu o Cazaquistão por 4 a 2 e classificou-se às quartas de final, onde parou na equipe da Alemanha, em confronto definido na luta de desempate (4 a 3). Mas, na repescagem, recuperou-se com autoridade e bateu a Sérvia por 4 a 1 para chegar à disputa do bronze, onde enfrentou a Itália, que perdeu para o Japão na semifinal.
Brasil 4 x 2 Cazaquistão
No primeiro confronto, a equipe brasileira enfrentou o time do Cazaquistão, em rodada válida pelas oitavas de final do torneio olímpico. Rafaela Silva (57kg) abriu a disputa com amplo domínio sobre Abiba Abuzhakinova, que é da categoria até 48kg, mas “forçou” na 57kg para a equipe. Rafa marcou waza-ari e, em seguida, anotou o segundo para vencer por ippon.
Na segunda luta, Daniel Cargnin (73kg) abriu um waza-ari de vantagem sobre Daniyar Shamshayev. Mas, ao tentar uma entrada por baixo, foi projetado de costas ao chão e perdeu por ippon para o cazaque. Ketleyn Quadros, que é 63kg e teve que lutar a equipe no 70kg, pelo fato do Brasil não classificar ninguém nesta categoria, fez bonito ao projetar Smigol Kuyulova duas vezes (waza-ari-awasete-ippon) e vencer a luta. Brasil 2 x 1 Cazaquistão.
Rafael Macedo (90kg) entrou para o terceiro combate e, por um detalhe, não levou a vitória. Ele marcou um waza-ari, mas acabou sofrendo a virada no ippon de Abilaykhan Zhubanzar.
Coube aos pesados definirem o placar e Bia e Léo não deram chances aos adversários. A campeã olímpica projetou Kamilla Berlikash por waza-ari, enquanto Leonardo venceu Nurlykhan Sharkhan, jogando para waza-ari e finalizando com chave de braço: Brasil 4 x 2 Cazaquistão.
Brasil 3 x 4 Alemanha – Quartas de final
Nas quartas, a equipe brasileira foi superada pelo time da Alemanha em duelo definido na luta extra de desempate. Os alemães começaram com vitórias de Igor Wandtke sobre Daniel Cargnin (73kg) e de Miriam Butkereit (70kg), vice-campeã olímpica em Paris, sobre Ketleyn Quadros.
Rafael Macedo (90kg) descontou para o Brasil, vencendo Eduard Trippel de virada, por ippon, e Bia Souza (+70kg) bateu Renee Lucht por waza-ari, para empatar.
No pesado, a seleção manteve a estratégia de poupar Rafael Silva, que competiu um dia antes, e escalou o meio-pesado Léo Gonçalves. A Alemanha veio com seu pesado, Erik Abramov, que levou a melhor sobre o brasileiro e venceu por ippon.
A campeã olímpica no Rio Rafaela Silva veio ao tatame com a missão de manter o Brasil no duelo e não decepcionou. Jogou Pauline Starke duas vezes e empatou o placar em 3 a 3. Para a luta de desempate, o sorteio recolocou Abramov e Léo de volta ao tatame e o alemão, mais uma vez, foi melhor, jogando o Brasil para a repescagem.

Brasil 4 x 1 Sérvia – Repescagem
Depois de repetir as escalações nas duas primeiras rodadas, o Brasil mudou o time para a repescagem, trazendo sangue novo com Rafael Silva “Baby” no lugar de Léo Gonçalves e Willian Lima, vice-campeão olímpico do 66kg, no lugar de Daniel Cargnin, no 73kg.
O confronto começou melhor para o Brasil, que abriu 1 a 0 com vitória de Ketleyn Quadros (70kg) sobre Marica Perisic por ippon – Perisic é do 57kg e Ketleyn do 63kg, mas “forçaram” no 70kg para a equipe. Em seguida, Macedo venceu Nemanja Majdov, na tática, forçando três punições.
A Sérvia descontou com Milica Zabic projetando Bia Souza por ippon, em provável reflexo da falta de descanso entre o título olímpico da véspera e a nova competição. Mas a derrota da campeã olímpica não abalou o time, que definiu a disputa com vitórias de Rafael Silva sobre Aleksander Kukolj, nas punições, e o ippon de Rafaela Silva sobre Milica Nikolic, que colocou o Brasil na disputa do bronze.
Brasil x Itália – Bronze
No confronto decisivo, o Brasil saiu na frente com vitória por ippon de Rafael Macedo (90kg) e ampliou com dois waza-ari de Beatriz Souza (+70kg). Em seguida, Genaro Pinelli diminuiu para a Itália, em combate intenso com Leonardo Gonçalves (+90kg), decidido com um waza-ari em quase cinco minutos de golden score.
O Brasil voltou a abrir o placar (3-1), com vitória de Rafaela Silva (57kg) por ippon sobre Veronica Toniolo, mas viu tudo ser igualado por vitórias de Manuel Lombardo, sobre Willian Lima (73kg), por waza-ari, e de Savita Russo em Ketleyn Quadros (70kg), por ippon em um confronto em que a sogipana esteve a três segundos da vitória quando imobilizou a adversária, ainda no início da luta.
Empatado em 3×3, o confronto precisou ir para o sorteio de desempate. E ele colocou Rafaela Silva novamente no tatame. A brasileira entrou ligada e, já na primeira entrada em Toniolo, marcou o waza-ari em Toniolo. Bronze para o Brasil e medalha inédita.
No individual, além do ouro de Bia (+78kg), o Brasil teve ainda a prata de Willian Lima (66kg) e o bronze de Larissa Pimenta (52kg), que resultaram na melhor campanha da história do judô brasileiro nos Jogos Olímpicos.
“Eu amo o que eu faço, eu amo o judô. É uma lição de vida, uma filosofia, são quase 30 anos dedicados ao esporte. Nós temos a sorte de conviver com nossos ídolos, eles andam com a gente. Essa força nos transforma em um. Essa disputa por equipes é muito boa porque reúne a história, a garra de cada um. A gente vê a Bia saindo mancando ali da luta e dando tudo. A gente vê altos e baixos, um foi melhor numa rodada, o outro nem tanto, mas estamos juntos. Então, sair daqui com essa medalha é a realização de um sonho. A sensação que eu tenho é que depois da tempestade o sol brilha”, concluiu Ketleyn Quadros.

Uma resposta
Que venha Los Angeles, OOOSSS………