O judô brasileiro esteve bem perto de conquistar sua terceira medalha nos Jogos Olímpicos Paris 2024. Nesta quarta-feira, Rafael Macedo chegou até a disputa de bronze do peso médio masculino, mas acabou superado pelo francês Maxine-Gael Ngayap Hambou nas punições, em uma decisão que, posteriormente, foi alvo de pedido de esclarecimentos por parte da delegação brasileira.
O desfecho, ainda que não tenha sido o melhor, não apaga a grande campanha que Rafael fez em Paris. Logo na primeira luta, contra o holandês Noel Van T’End, adversário perigoso, campeão mundial em 2019, o sogipano conduziu o combate e forçou três punições ao rival.
Na luta seguinte, que também era eliminatória, Macedo enfrentou o romeno Alex Cret, que vinha de uma surpreendente vitória sobre Khristhian Toth, húngaro, número 5 do mundo e cabeça de chave em Paris. O romeno fez muita força para bloquear as melhores pegadas de Rafael Macedo, que levou duas punições e ficou a uma de ser eliminado. Mas, no golden score, o brasileiro cresceu e obrigou Cret a reagir com uma entrada falha e então aproveitou a oportunidade em que o romeno ficou exposto no chão e buscou a finalização por chave-de-braço: vaga nas quartas garantida.
Nessa fase, o brasileiro enfrentou o georgiano naturalizado espanhol, Tristani Mosakhshvili. Novamente, a luta se desenhou em muita disputa de pegada, rendendo uma punição a cada. Em uma tentativa de entrada de Macedo, o espanhol conseguiu uma revertida e marcou um waza-ari a 45 segundos do fim. O brasileiro voltou mais agressivo e conseguiu forçar a segunda punição a Mosakhshivili. Porém, o tempo era curto para uma virada e Macedo foi superado, caindo para a repescagem.
Para ainda tentar buscar uma medalha de bronze, Rafael Macedo precisou lutar com o sul-coreano Juyeop Han. Em combate mais aberto do que os dois primeiros, o sogipano conseguiu encaixar uma técnica e projetou Han para marcar um waza-ari. O sul-coreano respondeu com um ataque em que Macedo andou para trás e conseguiu escapar, caindo de frente. Daí em diante, o brasileiro ficou alerta, se impôs na pegada e conseguiu um ippon para se garantir, pela primeira vez, em uma disputa de medalha olímpica.
À essa altura, Macedo já mantinha uma tradição do judô gaúcho que desde Pequim-2008 vem levando o Brasil à disputa por ao menos uma medalha nas Olimpíadas. Na luta pelo pódio, contra o francês Maxime-Gael Ngayap Hambou, ambos já haviam tomado duas punições antes da metade do confronto.
Próximo do fim do duelo, Macedo vinha ativo nas entradas, mas, a cinco segundos do encerramento, levou a terceira punição e terminou as disputas individuais em quinto lugar.
“Realmente ficou confuso, não entendemos a punição. Inicialmente entendemos que ele tinha dado punição por pegar dentro do quimono. Não foi isso, não ficou claro. Quando fomos até a mesa, conversar com os responsáveis pela arbitragem, essa posição, quando você pressiona só a cabeça, é realmente considerado matê e shido. Seria esse último ponto que o Rafael sofreu. O duro é que tem um guia que mostra uma situação um pouco diferente. Mas ali eles abriram um outro guia, com uma regra mais atualizada, e mostra que é shido. É uma pena, lamentável. Era evidente que o Rafael estava superior na luta. É bastante discutível, mas ele vai manter o foco na disputa por equipes”, disse Marcelo Theotonio, Chefe de Equipe do judô em Paris.
Rafael Macedo volta a lutar neste sábado, na disputa por equipes mistas, e ainda pode buscar sua primeira medalha olímpica.