Agosto será um mês especial para Canoas. A cidade, um dos principais polos do judô gaúcho, conta os dias para transformar-se também na Capital Nacional do Judô. Exagero? Não para quem vai receber, ao longo de quatro dias, dois dos principais eventos do país: o Troféu Brasil e o Grand Prix Nacional, que ocorrem entre os dias 16 e 19 deste mês.
Para o secretário de Esporte e Lazer do município, Roberto Tietz, a cidade tem uma trajetória consolidada de relação com o judô. Mas almeja mais, quem sabe até este título, de Capital Nacional do Judô, em definitivo. Para uma cidade de cerca de 350 mil habitantes e sete equipes filiadas à Federação Gaúcha de Judô, é perfeitamente plausível.
A única preocupação do secretário é se faltar tatame. Até porque qualidade, não falta: “Nossas equipes não investem em contratação de atletas, mas lapidam novos talentos”, garantiu.
A entrevista completa está logo abaixo:
Como Canoas tornou-se um polo do judô gaúcho?
Canoas tem um longo histórico de promoção do judô, desde o final da década de 1960, já com destaque. Professores como José Carlos Rodrigues e João Nery Satter de Mello já davam destaque e chamavam a atenção de todo o Estado, especialmente o Nery, que era conhecido do público com o Scaramouche, do Ringue 12 da antiga TV gaúcha. Eles já começaram com um modelo que é utilizado até hoje, a de levar o judô para as escolas – Rodrigues no Rondon, e Nery no La Salle. A partir deles, surgiram importantes nomes do judô, que continuaram a promover e levar o nome de Canoas , com professores Flávio, Accinelli, Carneiro (que fez parte posteriormente da Federação Gaúcha de Judô), e, curiosamente, o Floriano Spiess Neto, que iniciou no judô, mas migrou para a Luta Greco-Romana e tornou-se o canoense que participou de uma Olimpíada, a de Seul-1988.
Neste período, a Judocan se tornou a primeira equipe canoense campeã brasileira, no júnior. No momento seguinte, surgiu o Sport Club Ulbra, um dos maiores cases de esportes do Brasil, inicialmente gerenciado pelo professor Jerson, e posteriormente por mim, que representou o RS e o Brasil e muitas competições pelo Brasil e pelo mundo. Nosso Supervisor de judô era o professor Luiz Maduro, que posteriormente foi presidente da FGJ, tornando Canoas também referência na gestão e administração do judô estadual.
Hoje Canoas possui sete clubes de judô filiados à FGJ, além de escolas de iniciação atuantes e unidas pela modalidade, com resultados internacionais, tornando Canoas uma cidade do judô. O professor Douglas Pötrich, da Kiai, inclusive, é técnico das categorias de base da CBJ, perpetuando o DNA da cidade em ter grandes profissionais da modalidade, como também Moacir Mendes Jr, canoense que trabalha na Sogipa, que foi treinador de solo da CBJ na última Olimpíada, Paulo Sérgio Kehdi, árbitro nacional e professor em Canoas, o atual diretor técnico da FGJ, Luiz Bayard. Esses dentre outros profissionais, e sem citar os inúmeros atletas campeões nacionais e internacionais das equipes.
Quais são as metas para a modalidade na cidade nos próximos anos? E, claro, como alcançá-las?
Como metas, a Administração do prefeito Busato já deu autorização para a construção de uma nova Sala de Lutas, que ficará junto ao Complexo do CIE, e integrará o nosso Projeto Talentos do Esporte, lançado este ano, e que promoverá a formação de atletas nas principais modalidades desportivas, incluindo as lutas e o judô. Outras ações, como promover e trazer importantes eventos, como estes nacionais que estamos acolhendo, são parte agora do escopo de nossa gestão. Além disso, é política habitual nossa ceder espaços públicos e oferecer transportes para as equipes canoenses.
Qual a importância para Canoas receber esses dois eventos nacionais neste mês? Por falar nisso, a cidade irá se considerar a Capital Nacional do Judô durante esses dias. É um título merecido?
A história da cidade com o judô, os profissionais que atuam hoje na cidade e os que ajudaram a fazer de Canoas um polo da modalidade no passado que citei, e as conquistas atuais de nossas equipes e atletas, somado ao grande número de praticantes, só nos faz agradecer este ápice em receber o Troféu Brasil e o Grand Prix. Não é sonhar demais, com nossos resultados, especialmente do trabalho dos profissionais canoenses, que estamos momentaneamente nestes dias com o título de Capital Nacional do Judô, mas que em breve podemos conquistá-lo em definitivo, e dou um bom motivo: nossas equipes não investem em contratação de atletas, mas lapidam novos talentos. A relação entre número de praticantes X títulos expressivos X investimento disponível certamente já nos colocam entre as principais cidades do judô nacional.
O senhor acredita que, a partir do Troféu Brasil e do Grand Prix, o número de judocas em Canoas pode crescer mais?
Como professor e gestor, não tenho dúvidas. Como secretário, me preocupa se não vai faltar tatames (risos). Queremos sempre inspirar nossas crianças e jovens, e um evento como este, certamente trará bons exemplos, de uma modalidade que já é sempre um bom exemplo na formação completa da pessoa, do nosso cidadão. E isso serve para crianças que também acompanharão os eventos pela TV. Estamos muito satisfeitos com os profissionais e atletas canoenses que promovem o esporte, são exemplares, e da vontade política do nosso prefeito Luis Carlos Busato e vice-prefeita Gisele Uequed em realmente promover o esporte como formação do nosso cidadão canoense.
