“Hoje eu sei que posso”, afirma Portela

Orgulhosa,       Portela exibe as medalhas conquistadas em 2011 | Foto: Tiago MedinaPoucos atletas carimbaram tanto o passaporte ao longo de 2011 quanto a gaúcha Maria Mazzoleni Portela. Aos 23 anos, ela e seu quimono rodaram o planeta durante o ano que passou enfrentando altas e baixas temperaturas – e, claro, adversárias de tudo o quanto é canto.
As horas em aeroportos e a distância da família, porém, valeram a pena. Portela encerrou a temporada como a 20ª melhor judoca na categoria médio no ranking mundial. Agora, às vésperas de uma edição dos Jogos Olímpicos, ela afirma, segura: “Hoje eu sei que posso”.
E quem irá desconfiar da afirmação de uma guerreira? Até chegar à condição de titular da Seleção Brasileira, Portela precisou superar incontáveis obstáculos, que começaram ainda em Santa Maria, onde iniciou a prática do judô. Já naquela época, sua técnica chamou a atenção. “Fui campeã do primeiro torneio que participei e não parei mais”, revela. E o que era esporte tornou-se um meio de vida, graças aos títulos que se acumulavam. “Eu tinha 16 anos e ganhava tudo.”
Idas e vindas
O potencial escondido entre as atletas da Liga chamou a atenção e lhe rendeu um convite para treinar em Santa Catarina, onde passou por Criciúma, Joinville e Florianópolis. O ano era 2005: “Fui campeã brasileira pela primeira vez”. Entretanto, no estado vizinho, ela precisava trabalhar como babá para equilibrar as finanças. Fato que acabava tirando um pouco a energia para o tatame. E que lhe rendeu outra opção. “Em 2006, fui convidada para treinar com o professor Henrique Guimarães, em São Paulo. Fui e me dediquei ao máximo.”
A nova mudanças de ares fez com que seu judô aflorasse de vez. “O ano de 2007 foi um dos principais da minha vida”, conta. “Fui bronze no Sul-Americano sênior, ouro no Pan júnior. Entrei na Seleção. Em São Paulo, estava me dedicando ao máximo, porque não precisava mais trabalhar como babá”, explica ela, que defendeu o Centro Olímpico, enquanto morou na capital paulista.
A chegada à Oi/Sogipa
Em 2011, foram 14 medalhas conquistadas pela Seleção | Foto: Tiago Medina
Porém, apesar de estar em uma megalópole, Portela ficava “escondida”. As possibilidades de competir no exterior eram escassas, o que fez a vida lhe reservar outra guinada, a vinda para a Oi/Sogipa, de Porto Alegre, em seu estado natal. “O Kiko tinha me convidado ainda me 2009, quando fiz um treino aqui, mas resolvi ficar mais um ano em São Paulo. Em 2010, ele não deixou nem eu pensar muito”, relembra a judoca, que tinha propostas para treinar no Flamengo e no Minas Tênis Clube. A proximidade com a família e a chance de treinar com nomes consagrados do judô brasileiro, todavia, pesaram mais e ela assinou com o clube gaúcho por dois anos.
À nova casa, só elogios: “O clube me acolheu e o grupo é muito fechado”. Além das amizades, também ganhou mais qualidade de vida: “Em São Paulo levava uma hora para chegar ao treino, hoje não demoro cinco minutos”. E, ao vestir o quimono, tem a oportunidade de encarar diariamente nomes como Mayra Aguiar e João Derly: “Eu me impressiono com a humildade deles. Recebi muitas dicas, o João às vezes deixa de treinar para me ajudar”, diz ela. “O mais importante é que vejo que eles chegaram tão longe apenas treinando. Isso me deixa mais confiante, acredito mais em mim.”
Tão perto, tão longe

Para conquistar as medalhas, muitas viagens foram feitas | Foto: Tiago MedinaAlguns bairros da capital gaúcha, contudo, ainda são um mistério para Portela. Desde que trocou São Paulo por Porto Alegre, ela mal parou em solo gaúcho. “Olha, acho que não dá pra dizer que eu conheço Porto Alegre ainda”, brinca, referindo-se à intensa rotina de viagens que teve em 2011. “Fui a países que nunca imaginei que iria”, acrescenta, citando Uzbequistão e Cazaquistão. O resultado, Portela mostra com orgulho: 14 medalhas, em 18 torneios disputados.
Talvez por ironia, apesar de tantas viagens, o pódio que Maria Portela mais gostou de subir foi o dos Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro, no mesmo Brasil que defende mundo afora. Gostou tanto que subiu duas vezes, nas disputas individual e por equipes.
Ouro em Londres
Ouro no evento teste, Portela já traçou estratégias para Londres-2012 | Foto: Tiago MedinaTão valioso quanto a conquista nos Jogos Mundiais Militares também foi o ouro no evento teste de Londres, em dezembro. Após um ippon sensacional sobre a inglesa Sally Conway, ela garantiu presença no degrau mais alto de um pódio que sonha voltar em pouco mais de 200 dias. O gosto foi indescritível: “Caramba, muito louco. E eu ainda abri a competição, que sensação…”, suspira. “Eu já me imaginei no dia. Meu coração estava muito acelerado, mas já deu para entrar no clima.”
No entanto, Portela sabe que para a cena se repetir daqui a alguns meses é preciso muito treino. E uma dose de concentração: “Com certeza já cheguei ao alto rendimento, agora falta o detalhe. Meu estilo é muito ‘porradeira’, preciso ter mais paciência”, admite. Essa tarefa, ela vai procurar aprender com ninguém menos que João Derly. “Ele me ajuda muito tática e psicologicamente”, revela, confiante. “Estrutura aqui não é o problema.”

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2 respostas

  1. Que matéria linda, me emociono quando vejo atletas com tamanha determinação,rumo à LONDRES 2012,bj KIKO

  2. Boa Sorte Judoca Portela certamente se continuares com teu habitual empenho juntamente com sua equipe trará um grande resultado ao judô Brasileiro e principalmente ao Feminino Gaucho que cresceu ( e muito ) em todas as categorias ,parabéns as mulheres judocas .SSSHHHOOOSSS…………

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