Mais do que um treinamento. A ideia é marcar presença e – outra vez – mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive nos tatames. Essa é a ideia da Federação Gaúcha de Judô, que promove neste sábado o Desafio do Dia Internacional da Mulher, quando atletas do judô feminino irão participar, simultaneamente, de treinos em suas respectivas academias e clubes a partir das 10h.
“A ideia é reforçar o quanto as mulheres estão conseguindo garantir o seu direito. Não somente a igualdade, mas também a equidade dentro do nosso esporte e dos esportes em geral”, frisa a professora Claudia Melo, que juntamente com as senseis Rafaela Nitz e Júlia Berté, atua na Comissão de Judô Feminino da FGJ, organizadora dos treinamentos.
“A importância do treino feminino no nosso Estado reforça que cada vez mais a nossa Federação tem aberto espaço para que as mulheres tenham vez e voz seja na área técnica, como árbitras, seja em suas comissões”, destacou Claudia.
Formada em Ciências Biológicas, quase formanda em Educação física, faixa preta segundo dan, Claudia pratica judô há 23 anos. E ao longo deste período testemunhou a expansão do espaço feminino na modalidade. “Quando mais jovem, eu senti que as conquistas femininas eram representadas e apresentadas de uma forma mais velada. Sempre notei que os grandes destaques, nomes, atletas eram sempre do sexo masculino. E nós tínhamos, e sempre tivemos no nosso Estado, grandes judocas”, citou.
Um exemplo, para ela, é hoje o reconhecimento que atletas como Mayra Aguiar e Maria Portela têm. Mas a história do judô feminino no Rio Grande do Sul começou muitos anos atrás. E ela lembra: “A Federação homenageou no último bonenkai os 40 anos do primeiro Campeonato Mundial em que tivemos uma representante gaúcha. Se não fosse esse evento e este momento, tenho certeza de que ninguém saberia da participação da sensei Yarinha”, apontou ela, destacando o pioneirismo de Yara Mary Cunha, que disputou o Mundial de Nova York, em 1980.
“Hoje a gente nota que existe muito mais o protagonismo feminino”, ressaltou. “Eu sentia falta disso. Sempre eram enaltecidas as conquistas masculinas e não as femininas e a gente sabe que o feminino tem grandes conquistas dentro do judô.”
Legado
Diretor técnico da FGJ, Douglas Potrich disse que o Desafio de sábado é uma homenagem à garra das mulheres, tanto às gaúchas como às brasileiras, que têm conquistado resultados relevantes nos últimos anos. “Nossa meta é valorizá-las cada vez mais.”
Potrich exaltou também o trabalho de um dos coordenadores técnicos da FGJ, Henrique Granada, da Fusegi, que deu início ao projeto do treinamento feminino deste sábado. “Ele deu a ideia e a Comissão de Judô Feminino está construindo e estruturando este evento”, salientou. “Todas contribuíram e estão trabalhando para fazer a diferença e deixar um legado, que é o nosso propósito.”