O judô gaúcho voltou ao pódio olímpico! Dessa vez com o sogipano Daniel Cargnin (66kg), que faturou a medalha de bronze neste domingo, após uma campanha memorável no histórico templo Nippon Budokan, em Tóquio. Foi a primeira medalha do judô na atual edição dos Jogos.
Daniel manteve a tradição do judô brasileiro nos Jogos Olímpicos, garantindo o 23º pódio da modalidade. Foi também a quinta medalha para o judô gaúcho, que alcança a glória olímpica pela quarta edição consecutiva do maior evento esportivo do planeta.
Mais cedo, o Brasil também foi representado por Larissa Pimenta, que foi superada por Uta Abe, que sagrou-se campeã olímpica minutos depois.
Pedreiras desde o início
Daniel foi ao tatame cinco vezes neste domingo. E teve um início complicado, ao conseguir derrotar o egípcio Mohamed Abdelmawgoud apenas no golden score. O mesmo combate equilibrado se repetiu nas oitavas, diante de Denis Vieru, da Moldavia.
Os Jogos, porém, não são fáceis e se a coisa estava complicada no início, depois, então, Daniel tinha pela frente apenas o número 1 do mundo, Manuel Lombardo, da Itália. Veio, então, uma vitória espetacular o gaúcho, colocando-o na semifinal olímpica.
Contra Hifume Abe não deu. Em um dia inspirado, o japonês conseguiu superar o gaúcho e, em seguida, foi campeão olímpico – garantindo a festa com a sua irmã, que também levou o ouro no 52kg.
Sangue, suor e lágrimas
A derrota abala, mas a superação faz parte da boa história olímpica e minutos depois lá estava Daniel no tatame para encarar outro adversário forte: Baruch Shmailov.
Foi um duelo duro. E Daniel manteve-se firme, buscando o ataque e forçando uma punição para o adversário com menos de um minuto de luta. Em seguida, porém, o momento mais importante da trajetória dele em Tóquio: um waza-ari sobre o israelense.
A menos de dois minutos para o fim, o duelo precisou ser interrompido para atendimento a Daniel, que estava com o nariz sangrando. Foram alguns segundos parados, em que a ansiedade e a expectativa só cresceram. Assim que retomado, dali em diante, a concentração só aumentou e, barrando os ataques do rival, o gaúcho alcançou o sonhado pódio olímpico.
Assim que deixou o dojô, Daniel recebeu um grande abraço da técnica Yuko Fujii e foi – merecidamente – às lágrimas. Em sua primeira entrevista, o judoca da Sogipa fez questão de agradecer a mãe: “Valeu a pena”, retribuiu à ela, lembrando dos incentivos que recebeu quando pensou em desistir da carreira. Valeu muito a pena, Daniel!
Fotos: Gáspar Nóbrega / COB