Em 2019, não teve para ninguém no circuito estadual. Disputa a disputa, o GN União foi vencendo uma a uma e terminou o ano com uma marca que, se não for inédita, é raríssima ao longo de 50 anos da Federação Gaúcha de Judô: conquistar todos os torneios realizados pela FGJ ao longo de uma temporada.
Sensei do GN União há quase uma década, o professor Rafael Garcia revelou que não viu os resultados como uma surpresa. Para ele, os feitos alcançados por seus atletas são fruto de um planejamento elaborado e executado antes de cada competição. Além disso, garante ele, os judocas levam o nome do clube ao pé da letra: união! Fator esse que torna-se um diferencial na busca pelo topo do pódio.
Para o ano que se inicia, a meta é manter o padrão. Mas já com um sonho a mais no horizonte: a primeira medalha em Campeonatos Mundiais para o clube. Tudo isso dentro de um planejamento visando o maior dos sonhos, que na ideia do clube, já tem data e lutar para se realizar: Paris-2024.
Nesta entrevista, o sensei Rafael explica o sonho unionista:
O que levou o GN União a esse resultado, sem precedentes para o clube?
Acredito que a nossa diferença dentro do processo de desenvolvimento de atletas e pessoas seja a nossa união. O nome do nosso clube é união. E temos um grupo muito unido, entre senseis e atletas. A gente tem um diretor de departamento, que também é o presidente da FGJ, que está sempre em conjunto, além de um grupo de pais que está sempre nos auxiliando em algumas demandas. Acredito que esta união e o trabalho de todos em conjunto seja a nossa grande diferença. Acredito, na minha vida, que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Precisamos de todos. E de todos agindo. Vejo isso como o nosso grande diferencial: todos trabalham, e todos trabalham muito! E dentro de um grupo sempre tem aquele que está mais motivado e algum um pouco mais cansado. Por ter esse grupo, um ajuda o outro, incentiva o outro para chegarmos juntos à excelência. Dentro de outros fatores, também. Tivemos um planejamento prévio. Após isso, colocamos metas. Tínhamos como meta ganhar todas as competições. Então, não foi algo que aconteceu. Tínhamos um objetivo e nos preparamos para isso. Nisso, inclui o planejamento até para o Estadual sênior, que acredito que a nossa co-irmã ainda não tinha perdido. A gente teve planejamento antecipado para todas as competições, e que antecedeu todos os resultados.
Os resultados do circuito estadual de 2019 consolidam um trabalho de anos no GN União. Qual o fator fundamental para esta ascensão?
Em relação ao feito alcançado neste ano, vou trazer um pouco para alguns anos atrás. A gente tem um trabalho de nove anos, quando assumi o departamento de judô em conjunto com o professor Leandro Freire. Alguns anos depois, a gente teve aquisição de mais um profissional, que foi a professora Carla e, mais tarde, o professor Alisson, que trabalha com as escolinhas. Então, desde 2010, iniciamos o nosso trabalho. Esse trabalho foi antecedido pelo mestre sensei Moraes, com quem aprendi muito. Na época, ainda era atleta e passei por todas as etapas, de auxiliar a treinador. De lá pra cá, a gente vem crescendo, em nível estadual, nacional e até mesmo em nível internacional. Tivemos até uma medalha olímpica, que foi a da Eduarda Vaz, que terminou o ciclo sub-18 dela em primeiro no ranking mundial. Esse feito foi o mais alto que a gente alcançou até então. Desde 2010, estamos trabalhando planejando o ano e trabalhando muito, fazendo trabalho de professor, de instrutor, de técnico, de preparador físico. Hoje a gente faz tudo no departamento de judô, atuando em todas as vertentes. Então, esses resultados no circuito estadual são uma consolidação de todos esses anos. Fechamos em 2019 nove anos de trabalho e esse processo fez com que alcançássemos esse feito, que eu não sei se já tinha sido alcançado anteriormente, de uma entidade vencer todas as etapas do circuito estadual. Se não é inédito, é muito raro. São nove anos de trabalho e dedicação. Nove anos de abdicar de algumas coisas para estar no tatame para construir esses feitos. São muitos finais de semana longe da família, da esposa, dos filhos, para que a gente consiga alcançar esse feito.
Com os resultados, vêm novos desafios. Onde e como é possível melhorar para manter o embalo?
Com certeza! Quanto mais a gente cresce, mais a gente quer crescer. E a gente vem crescendo. Hoje tem um pai que trabalha conosco, que acaba fazendo as análises estatísticas, por exemplo. Queremos sempre estar evoluindo. Alcançamos um feito, agora nos Jogos Escolares sub-15: fizemos três campeões. Se fôssemos um estado, estaríamos à frente até mesmo de São Paulo, que teve dois campeões. Brigaríamos para ver quem seria campeão dos Jogos Escolares. E o nosso objetivo inicial é no mínimo manter esses resultados e alcançar feitos maiores. 2020 é um ano de Mundial sub-18 e da seletiva nacional sub-18. Nós fizemos o campeão, que foi o Henrique Gusmão, e o irmão gêmeo dele foi o quarto colocado na mesma categoria. Dentre outros atletas, como o Vitor, a Thainá, o Claiton, a Celina, entre outros. Um dos nossos objetivos é ter atletas neste Mundial, com o sonho de ter um medalhista em Mundial, uma conquista que a gente ainda não tem. Estamos trabalhando muito forte e muito duro por esse resultado.
Como você projeta o GN União daqui a cinco anos, ao longo do próximo ciclo olímpico?
O principal fator que move o departamento de judô é o sonho olímpico. E hoje nós temos atletas com alto repertório técnico dentro das classes sub-15, sub-18 e sub-21. Ou seja, são atletas que serão sub-21 ou sênior e que a gente acredita que são atletas que podem buscar uma vaga olímpica. O nosso objetivo para os próximos anos é ter atletas ou um atleta dentro do processo olímpico. Estaremos trabalhando muito duro para isso. É o objetivo que move os senseis do departamento. Tivemos atletas, neste ciclo 2020, beirando o acesso a estar nesta disputa. Tivemos atletas como apoio em 2016, acredito que teremos atletas como apoio agora em 2020. A ideia para 2024 é ter atletas dentro do processo olímpico. Temos atletas de seleção que, com a evolução que a gente busca para eles, é bem provável que eles estejam brigando para estar dentro restrito grupo de atletas que representam o país. Acredito que o grande sucesso do departamento de judô é o nome do clube, a união. Temos um grupo que tem um respeito. Ninguém diminui e ninguém divide. Sempre nas nossas preleções, pré-competição, a gente gosta de falar isso: o nosso diferencial é a união.
