*Por Renato Gava, da Secretaria Estadual de Educação
Alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Bento Gonçalves, no Bairro Rubem Berta, se preparam para disputar o Campeonato Estadual de Judô – Divisão de Acesso, em 10 de novembro, na cidade de Bento Gonçalves, na Serra. Independentemente do resultado, a diretora Rosane Rodrigues Beltrão já comemora e considera os alunos/atletas campeões. “Esse projeto se consolidou, temos um aluno que está entre os melhores do estado em sua categoria. Mas o mais importante é que tirou outros do rumo errado”, avalia a diretora.
Em 2016, quando assumiu a escola, a diretora criou o projeto Escola para o Mundo e contou com ajuda da Secretaria da Educação (Seduc). A ideia, conta Rosane, era promover ações de cidadania, mutirões e outras formas de manifestação para “provar aos alunos que existe futuro através da escola, pois com estudo podem chegar a qualquer lugar. Ainda dentro do projeto, ex-alunos foram contatados para conversar e dar exemplos aos alunos. “Muitos são parentes dos alunos atuais. Eles abraçaram a causa e passaram a vir para a escola fazer pequenos consertos”, revela a diretora.
No ano passado, Paulo Ricardo Batista, morador da comunidade local, descobriu que havia tatames e quimonos parados na escola. Ele então fez contato com o amigo Roberson dos Passos, professor de judô. “Ele me perguntou se eu estava a fim de colaborar, e topei na hora, pois tinha vontade e não sabia ao certo como”, relembra Roberson.
A dupla colocou tatames no salão de festas da escola e, duas vezes pode semana, as aulas passaram a ser ministradas. O desempenho das crianças surpreendeu professores. De acordo com a diretora, muitos passaram a ir mais ao colégio, ficaram mais disciplinados e obtiveram notas melhores nas provas. “Alguns, claramente, estavam perto de coisas ruins das ruas, mas o projeto os colocou em outro caminho”, comemora Rosane.
Meses depois, a convite de Roberson, alguns alunos passaram a treinar também na academia Ritmo, no Jardim Itu, também na Zona Norte de Porto Alegre. “A comunidade precisava muito do judô, esporte indicado pela Unesco. Estamos há quase um ano e meio atuando sem fins lucrativos, mas saber que conseguimos tirar algumas crianças das ruas, ou mesmo ver o sorriso de cada uma durante o treino, não há preço que pague”, afirma o professor de judô. Pelos menos dois estudantes estão confirmados na competição em Bento Gonçalves, que reúne agremiações de todo o estado e atletas iniciantes ou graduados até a faixa amarela.
Rosane tenta agora reativar um antigo sonho da comunidade local: a construção de uma quadra de esportes na escola. O primeiro pedido, segundo ela, foi feito ao poder público em 1988. Depois de muitas idas e vindas, o projeto caiu no esquecimento. “Estamos preparando novo material e fazer todos os trâmites, mas ainda é cedo para falar em prazos”, avalia.