Mayra Aguiar voltou ao topo. A judoca gaúcha conquistou nesta sexta-feira, em Budapeste, o título mundial pela segunda vez na carreira – feito alcançado até então por apenas um brasileiro, João Derly. Pela quinta vez em dez anos subiu no pódio do Mundial sênior após não dar chances para ninguém: em cinco lutas, três vitórias por ippon seguidas de dois triunfos em cima de atletas do Japão, país que faz a melhor campanha do torneio.
Maior medalhista brasileira da competição, Mayra Aguiar foi para a sua sétima participação em Mundiais no seu melhor estilo: patrolando as adversárias. Com três ippons em suas três primeiras lutas, a sogipana chegou à semifinal e deixou pelo caminho Klara Apotekar (Eslovênia), Bernardette Graf (Áustria) e Audrey Tcheumeo (França).
A classificação à semi teve gosto de revanche. Tcheumeo, adversária de Mayra quando ela foi campeã mundial, em 2014, foi quem tirou a sogipana do caminho do ouro nos Jogos Olímpicos Rio-2016. Depois desta sexta, o placar entre as duas está 5 a 2 a favor da gaúcha.
A japonesa Ruika Sato foi a rival da semi. Claramente respeitando a gaúcha, a judoca do Japão sofreu uma punição por falta de combatividade logo a 30 segundos. Ao longo do confronto, porém, equilibrou as ações e, a menos de 1 minuto para o fim, ambas haviam recebido dois shidôs. Nos segundos finais, Mayra conseguiu um waza-ari e, com a vantagem, apenas administrou aguardando a confirmação de sua terceira final de Mundial.
Umeki Mami, atual que era a campeã mundial, foi a rival na decisão. Assim como a compatriota, tratou de se defender e, na metade do confronto, já havia sofrido duas punições. Ela, porém, conseguiu evitar a derrota no tempo normal, forçando o golden score. O dia, contudo, era de Mayra. Bastaram 11 segundos de prorrogação e a gaúcha conseguiu aplicar um waza-ari, assegurando o seu segundo título mundial.
A luta que deu o ouro à Mayra:
Sogipa conquista seu quinto ouro
O título de Mayra Aguiar coroou ainda mais o trabalho desenvolvido pela Sogipa, em Porto Alegre. Agora, dos sete títulos mundiais conquistados pelo Brasil na história, cinco foram com atletas do clube: João Derly (2005 e 2007), Tiago Camilo (2007) e Mayra Aguiar (2014 e 2017).
“Só aqui tem bi”, festejou, emocionado, o técnico Antônio Carlos Pereira, o Kiko, minutos após a conquista de Mayra. A judoca gaúcha retorna a Porto Alegre na semana que vem e, outra vez, deverá desfilar pela cidade com sua medalha, em cima de um caminhão do Corpo de Bombeiros.
Portela iguala sua melhor campanha
Também nesta sexta, Maria Portela (70kg) começou de bye, mas contra uma adversária perigosa, a sul-coreana Hye Jin Jeong. Num confronto complicado, a gaúcha conseguiu vencer com dois waza-ari ante um da rival e seguiu adiante. Nas oitavas, nova pedreira, desta vez diante de Gemma Howell, da Grã-Bretanha. Um waza-ari no golden score classificou a sogipana.
A japonesa Chizuru Arai cortou o embalo de Portela. Ainda assim, só no golden score, após uma luta sem pontuações para ambas, pelas quartas de final. Na “morte súbita”, a gaúcha foi punida com um shidô, que acabou sendo fatal.
Na repescagem, a judoca sogipana teve pela frente uma velha algoz, Maria Bernabéu, da Espanha. Novamente num duelo bastante equilibrado, a gaúcha parou na europeia, com um waza-ari contra. Com a queda, Maria Portela encerrou sua participação na sétima colocação, igualando sua melhor posição em Mundiais, alcançada pela primeira vez no Rio-2013.
Último dia de disputas individuais é neste sábado
Nesta sexta, o Brasil também foi representado por Samanta Soares (78kg). Em seu primeiro Mundial sênior, a judoca foi superada logo na primeira rodada. O torneio individual em Budapeste termina neste sábado e o Brasil terá quatro judocas em ação: Luciano Corrêa (100kg), David Moura (+100kg), Rafael Silva (+100kg) e Maria Suelen Althman (+78kg).
No domingo, a FIJ fará a primeira edição do Mundial por equipes misto. Os confrontos em Budapeste iniciam às 5h e as finais estão programadas para as 11h – pelo horário de Brasília. A ippon.tv transmite as lutas ao vivo e o Twitter da CBJ faz o tempo real.