Na história dos Jogos Olímpicos, os judocas do Rio Grande do Sul já conquistaram três medalhas, todas de bronze. A primeira foi alcançada por Tiago Camilo, que é paulista, mas à época defendia a Oi/Sogipa, em Pequim-2008. Quatro anos depois foi vez do também paulista Felipe Kitadai subir no pódio e, poucos dias depois, a porto-alegrense Mayra Aguiar chegar lá.
Os Jogos Olímpicos Rio-2016, aliás, serão a quinta participação do judô gaúcho no maior evento esportivo do mundo. Em todas as edições, atletas da Sogipa foram convocados. Em solo carioca, Felipe Kitadai (60kg), Maria Portela (70kg) e Mayra Aguiar (78kg), que lutarão dias 6, 10 e 11 de agosto, respectivamente, tentam retornar ao pódio olímpico.
Pela terceira vez consecutiva, também, o judô gaúcho terá um trio nas Olimpíadas. Mayra Aguiar esteve nestas: Em 2008, ele foi acompanhada por João Derly e Tiago Camilo. Em 2012 e agora, Mayra embarca com o paulista radicado em Porto Alegre Felipe Kitadai e gaúcha de Júlio de Castilhos Maria Portela.
Duas décadas da primeira participação
Ao todo, sete judocas do Rio Grande do Sul já foram convocados para a seleção olímpica do Brasil. A primeira vez foi em Atlanta-1996, com Alexandre Garcia. Quatro anos depois, em Sydney-2000, Mariana Martins representou o Brasil e o RS nos tatames. Oito anos mais tarde, em Pequim-2008, João Derly, Tiago Camilo e Mayra Aguiar foram convocados.
Na última edição, Felipe Kitadai, Maria Portela e Mayra Aguiar representaram o judô gaúcho. De Londres, Felipe Kitadai e Mayra Aguiar faturaram, cada um, um bronze olímpico. Mayra, portanto, chega à sua terceira participação olímpica, o que faz dela uma das “veteranas” não só dentre os gaúchos, como também da Seleção Brasileira – apenas Tiago Camilo tem mais experiência.
Todos os atletas passaram pela supervisão do diretor técnico da equipe de judô da Sogipa, Antônio Carlos Pereira, o Kiko. “Estamos conseguindo manter um padrão alto de treinamentos. Essa sequência de convocações para os Jogos e os resultados obtidos nos últimos anos nos dão confiança e a certeza de que estamos realizando um trabalho sério e focado”, comentou.
Mayra destaca apoio da torcida
Tendo conquistado seus maiores títulos da carreira fora do Brasil, Mayra Aguiar conta com apoio da torcida no Rio de Janeiro. “Gosto muito desta torcida, de escutar aquela energia, eu me sinto bem”, afirmou. “No momento em que está perdendo consegue dar uma força maior, no que está ganhando consegue segurar um luta”, contou a dona de um bronze olímpico de Londres-2012, na categoria 78kg.
Uma das principais esperanças de medalha para o Brasil no Rio, Mayra vê os 14 judocas da Seleção Brasileira em condições excelentes, o que ajuda, segundo ela, a dividir a pressão pelo esperado resultado. Tal fato contará a favor de todo o grupo, avalia a judoca: “O resultado sempre vai vir acompanhado de uma pressão. Mas o bom de ter tantos atletas bons neste time é porque a gente consegue dividir esta pressão e não fica apenas em cima de um atleta só, como era antes. Então agora está muito mais tranquilo poder passar por esta caminhada”, explicou ela, que levou o Brasil ao pódio em 27 competições do circuito internacional – e 12 vezes para receber uma medalha de ouro.
Campeã mundial em 2014 e número 4 do ranking mundial (melhor posição, junto com Erika Miranda, da Seleção Brasileira), Mayra refutou o favoritismo. Para ela, o equilíbrio é uma marca dos Jogos Olímpicos. “Não existe favoritismo numa Olimpíada, num Mundial, numa competição grande. Não é aquele melhor atleta que vai ganhar, é aquele que está melhor no dia, que está num momento bom naquele segundo, naquele momento que está vivendo a competição”, argumentou ela, que exaltou a preparação para o Rio-2016: “O que a gente pode fazer, a gente está fazendo, que é chegar lá bem”.
Nome: Mayra Aguiar
Idade: 25 anos
Categoria: -78kg (meio-pesado)
Principais conquistas: campeã mundial (2014), bronze em Londres-2012, bicampeã do Grand Slam de Paris
Luta no Rio-2016 em 11 de agosto
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Portela se vê mais forte psicologicamente
Apelidada de “raçudinha dos pampas” por seu estilo aguerrido o tatame, Maria Portela quer agir mais com a cabeça e nem tanto na transpiração no Rio. No Brasil, quer apagar a má impressão de Londres-2012, quando perdeu por ippon logo na estreia. “Eu senti a pressão toda na hora de lutar. Acabou me dando um branco”, reconheceu. “Naquela vez, eu me preparei em todas as áreas, menos a minha cabeça.”
Apagar a má impressão não significa não tirar o ensinamento: “Agora me sinto diferente, já estou sentindo um friozinho na barriga agora. Cada ação, assim, está perto. Eu já me sinto mais feliz por isso, porque com certeza não vai me dar branco na hora de lutar”, avaliou ela, sobre um trabalho desenvolvido desde Londres: “A cada competição fui testando novas técnicas, alguns ajustes para que eu achasse algum caminho para chegar ao pódio. Para que eu não me pressionasse tanto”, disse. “Eu treino bastante, então eu quero refletir isso na competição”, afirmou.
Os treinamentos deste ciclo olímpico colaboraram para que o objetivo seja alcançado. “Diferente do ciclo passado, neste fizeram bem mais concentrações. Procuraram aproximar o trabalho do clube com o da Confederação. Isso é extremamente importante”, pontuou ela, que, assim como Mayra, vê o grupo inteiro da Seleção em ótimo nível. “Tenho certeza que todos os atletas estão preparados para chegar à medalha. Pela primeira vez a equipe toda está junto. Não tem um que se destacou mais que outro”, frisou. “Todos têm condições de chegar.”
Nome: Maria Portela
Idade: 28 anos
Categoria: -70kg (médio)
Principais conquistas: Campeã mundial militar (2013), Campeã do Grand Slam de Moscou (2012)
Luta no Rio-2016 em 10 de agosto
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Kitadai focado na reta final
Mesmo tendo conquistado o bronze em Londres-2012, Felipe Kitadai teve, dentre os três sogipanos, o ciclo olímpico mais complicado. A vaga no Rio só foi confirmada no dia da convocação à Seleção e com certa polêmica, pois ele ficou atrás de outro brasileiro no ranking mundial: foram apenas 12 pontos de diferença, ainda que Kitadai tenha disputado três competições a menos que o rival, Eric Takatabake.
Mas já são águas passadas. A rotina, desde então, é basicamente uma: treinos! Tanto que ele foi o primeiro atleta a desembarcar na concentração de da equipe olímpica, em Mangaratiba, no Rio. O objetivo foi focar o máximo antes ir para a Vila Olímpica, no dia 4 de agosto. “Nós temos um lugar específico para a gente num momento em que os treinos estão cada vez mais intensos. O que já estava rápido vai ficar mais rápido ainda”, sentenciou Kitadai.
Nome: Felipe Kitadai
Idade: 27 anos
Categoria: -60kg (ligeiro)
Principais conquistas: Hexacampeão Pan-Americano, bronze em Londres-2012
Luta no Rio-2016 em 6 de agosto
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