A Associação de Judô Santa Cruz (Ajusc/Unisc) demonstrou que o judô é bem mais que uma luta, em evento na semana passada. O esporte também é uma ferramenta para a superação. A entidade ministrou uma oficina de judô ao longo de todo o dia no Ginásio Poliesportivo durante a segunda edição dos Jogos de Inclusão, evento organizado pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul. A oficina foi ministrada por quatro judocas da Ajusc/Unisc e envolveu mais de 50 crianças com alguma limitação física ou mental.
Se a oficina já foi um sucesso entre os participantes, para Cristine Pfaffenseller, de 32 anos, o evento foi ainda mais especial: foi uma oportunidade de resgatar o judô. Faixa preta do esporte japonês, Cristine foi uma das ministrantes da oficina e, pela primeira vez, em dois anos e quatro meses, ela voltou a vestir o quimono.
Depois de um acidente ocorrido em abril de 2013, Cristine não havia mais praticado judô. O acidente deixou sequelas graves, que comprometeram alguns movimentos da perna direita. No entanto, a oficina não foi apenas chance de voltar ao tatame, mas também de demonstrar na prática que o judô é uma ótima ferramenta de superação. “Eu sabia que poderia subir no tatame e ajudar eles (ministrantes). Mas foi muito mais que isso. Foi uma data muito importante para mim. Chorei um monte”, conta.
Cristine não só ensinou golpes, mas também aprendeu sobre inclusão e motivação. “Ensinei golpes para crianças com vários problemas. Até mesmo para um cadeirante. Ensinamos luta de chão a ele”, conta. “Isso tudo me fez pensar bastante e agradecer por não ter perdido a perna (no acidente). Foi muito bom”, completa Cristine.
A ideia de que Cristine estivesse entre os ministrantes da oficina de judô dos Jogos de Inclusão partiu dos professores Leandro Couto e Cláudio Martins. Para eles, o evento seria um momento ideal de recuperar a história de Cristine no judô. “O judô é um esporte de inclusão e motivação. Além disso, queríamos valorizar o trabalho da Cristine como professora. Hoje a Ajusc tem dois judocas que são candidatos a faixa preta e iniciaram com ela”, explica Martins.
Já o professor Leandro Couto elenca outros motivos para reinserir Cristine ao universo do judô. “Além dela ser faixa preta, tem a condição de superação dela. Isso é muito importante para a autoestima da Cristine. Também é importante nós valorizarmos os profissionais como ela, que tem uma história dentro da Ajusc. E a Cristine tem uma facilidade muito grande de tratar com crianças, já trabalhou com projetos sociais. Isso tudo nos motivou a fazer com que ela colocasse o quimono de novo”, afirma Couto.
Além de Cristine Pfaffenseller, o professor Leandro Couto também ministrou a oficina. Os judocas Jeferson Machado Camargo e Gabriel Feldmann (portador de Síndrome de Down) também auxiliaram na nas atividades.
O EVENTO – Os Jogos de Inclusão têm a coordenação da Secretaria Municipal de Segurança, Cidadania, Relações Comunitárias e Esporte em parceria com as secretarias de Saúde; Educação e Cultura; Inclusão, Desenvolvimento Social e Habitação; e Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia; a programação busca estimular a prática de atividades esportivas e recreativas nessas populações. Além da oficina de judô, os Jogos de Inclusão também contemplaram outras modalidades esportivas, como basquete, vôlei, corrida entre cadeirantes, futebol e dança. Todos receberam medalha de participação.