Chelyabinsk é considerada o portão da Sibéria, uma dos locais mais frios do mundo. E foi justamente a frieza que marcou a campanha de Érika Miranda na conquista do bronze no Mundial 2014. Ela dominou a luta decisiva contra a cubana Yanet Bermoy Acosta e venceu por ter tido uma punição a menos. Essa é a segunda medalha seguida da brasileira na competição mais importante do judô depois dos Jogos Olímpicos. Ano passado, ela ficou com o vice-campeonato perdendo para Majlinda Kelmendi, atleta do Kosovo, que repetiu o feito esse ano ao derrotar Andreea Chitu, algoz de Érika nas semifinais, na grande decisão. O outro bronze ficou com a russa Natalia Kuziutina para alegria da torcida local.
A disputa do bronze foi totalmente dominada por Érika. Com menos de minuto, a brasileira saiu na frente por conta de uma punição à cubana. Atrás no placar, Bermoy foi para cima e a brasileira que passou a se defender, também foi punida. A partir daí só deu Érika, que dominou a pegada da cubana e forçou outra punição para Bermoy por falta de combatividade, se impondo até o cronômetro zerar.
E essa postura se repetiu nos outros combates. A estreia contra Gulbadam Babamuratova, do Turcomenistão, e esteve sempre com o controle da luta. Saiu na frente depois que a adversária foi penalizada por pisar fora da área. Cerca de um minuto depois, conseguiu um estrangulamento. Na segunda luta, contra a espanhola Laura Gomez, veio o primeiro grande desafio. O confronto parecia que não ia ser tão complicado já que logo no começo da luta, a brasileira conseguiu um yuko. Porém, faltando um minuto e quinze para o fim da luta recebeu a terceira punição. Se sofresse mais uma, perderia a luta por desclassificação. Mais uma vez, Érika se manteve fria e garantiu a classificação para as quartas de final.
O confronto contra a chinesa Yingnan Ma, muito rápida, exigiu muito da concentração da brasileira. Apesar de dominar a luta, os golpes não estavam encaixando. Foi então que a brasileira usou a frieza e esperou o momento certa para encaixar um okuri-eri-jime (técnica de estrangulamento) para encerrar a luta com um ippon. Na semifinal, um momento de descuido foi o suficiente para colocar todo o domínio apresentado na luta contra Andreea Chitu, adversária da semifinal no Mundial Rio 2013, por terra. Érika conseguiu um wazari com cerca de 30 segundos de luta e seguiu bem até o minuto final. Numa disputa que já estava fora da área, as duas atletas caíram e a arbitragem definiu ippon para a romena.
Charles Chibana, o outro brasileiro em ação hoje chegou até as oitavas-de-final, quando enfrentou o bicampeão mundial (Tóquio 2010 e Paris 2011) e duas vezes medalhista olímpico (Pequim 2008 e Londres 2012) Rishod Sobirov (UZB). Com a luta empatada em três punições para cada lado, Chibana tentou resolver a luta antes do golden score, acabou sendo projetado e caiu em ponte, o que configura um ippon. Como a disputa valia pelas oitavas-de-final, o brasileiro se despediu do Mundial sem medalha. Antes, eles havia vencido o sul-coreano Tae-Ho Youn por uma punição no golden score e o armênio Davit Ghazaryan na estreia por ippon. O título foi novamente para Masashi Ebinuma, o vice-campeonato ficou com Milhail Pulyaev (RUS) e os bronze com Georgii Zantaraia (UKR) e Kamal Khan-Magomedov (RUS).
Nesta quarta, dia das disputas da categoria leve, Rafaela Silva, que busca o bicampeonato, Ketleyn Quadros e Alex Pombo serão os representantes do Brasil no Mundial.
Fonte: CBJ