A meta do judô brasileiro em 2016 é clara: superar o desempenho em Londres – quatro medalhas, uma de ouro e três de bronze. E os investimentos para isso estão sendo feitos. Foi apresentada nessa quarta-feira no CT Time Brasil, no Rio de Janeiro, o maior reforço do judô brasileiro até o momento: a treinadora Yuko Fuji.
A japonesa de 30 anos, contratada em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro que arcará diretamente com o salário dela, terá a missão de transmitir a vitoriosa filosofia japonesa dentro da seleção e por clubes de todo o país, e agregar ainda mais qualidade à modalidade que mais medalhas (19) trouxe para o Brasil em Jogos Olímpicos.
“Farei todo o meu esforço para dar-lhes tudo o que tenho. Não só no aspecto técnico, mas também em outros aspectos que possam ajudar os atletas. O judô japonês leva muito tempo para obter uma técnica difícil de ser dominada. É muito importante respeitar a formação básica de treinamento e repeti-la todos os dias. Isso vai ajudar a criar uma técnica poderosa e eficaz”, aconselhou Yuko, que mostrou conhecer bem o judô nacional, citando algumas características dos atletas brasileiros. “O judô brasileiro é apaixonado, energético e aberto. Os atletas no Brasil são muito empenhados em melhorar e polir suas técnicas”, elogiou a técnica, que ajudou a equipe britânica de judô a faturar uma prata e um bronze nos Jogos de 2012.
A nova treinadora terá diversas missões durante os quatro anos de contrato. De acordo com o planejamento traçado pela comissão técnica da CBJ, Yuko vai atuar na seleção principal, de base e junto aos clubes e federações, rodando o país à procura de novos talentos e ministrando clínicas nas 27 Federações.
“A Yuko vai trabalhar na lacuna que existe hoje na transição da equipe de base para a seleção principal, nos atletas que saem do sub 21 mas que ainda não conseguiram espaço na equipe principal. Dentro desse projeto, ela irá a todas as Federações para dar clínicas para atletas e treinadores e para buscar novos talentos. Outra meta dela será melhorar alguns fundamentos dos judocas brasileiros, observar detalhes dos atletas em treinamentos e competições e trabalhar neles. Acreditamos que melhorar esses pequenos pontos pode fazer a diferença na hora de buscar uma medalha nos Jogos Olímpicos”, analisou Ney Wilson, gestor técnico das equipes adultas da CBJ.
No Brasil, Yuko Fuji se juntará a uma lista de outros 33 treinadores estrangeiros de 19 nacionalidades, que atuam em 21 seleções olímpicas.
“A participação de treinadores qualificados no processo de preparação de atletas e equipes é condição básica e fundamental para o sucesso de uma campanha em competições como Jogos Olímpicos, Campeonatos Mundiais e Jogos Pan-americanos. Por essa razão, a valorização dos treinadores tem sido um dos pilares estratégicos do COB e será intensificada para o ciclo olímpico 2013-2016.”, disse Marcus Vinicius Freire, superintendente executivo de esportes do COB.
“A contratação destes profissionais é feita sempre com base na análise das necessidades específicas de cada modalidade. Procuramos trazer treinadores experientes e que venham de países com tradição em esportes que necessitem de desenvolvimento no Brasil. Geralmente referências em seus países, estes profissionais têm a missão de agregarem qualidade ao esporte nacional e ainda transferir conhecimentos para seus pares nacionais”, completou Marcus.
Os atletas aprovaram a ideia e a filosofia de trabalho da japonesa. “Eu cheguei à seleção com 16 anos e, depois de tanto tempo, é importante voltar aos fundamentos”, disse Tiago Camilo, duas vezes medalhista olímpico – uma delas conquistada em Pequim-2008, época em que treinava na Oi/Sogipa – e um dos mais experientes do grupo.
“A Yuko presta muita atenção nos detalhes, em coisas que a gente, as vezes, não tem tempo para treinar. Acho muito importante ela estar trabalhando essa parte técnica com a gente”, disse Victor Penalber, líder do ranking mundial na meio-médio (81kg).
“O judô é uma das modalidades vitais para o Brasil alcançar suas metas nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Nos últimos anos, a modalidade vem alcançando resultados expressivos que a colocam entre as grandes forças do mundo. Mesmo assim, a chegada de uma treinadora japonesa, país com mais tradição neste esporte, pode render muitos frutos para o Brasil”, disse Marcus Vinicius.