Respaldado por um dos currículos de treinador mais vitoriosos do Brasil, Antônio Carlos Pereira, o Kiko, chega ao fim nesta semana de seus trabalhos à frente da diretoria técnica da Federação Gaúcha de Judô, com uma certeza: “Cumpri minha missão”.
Técnico de Mayra Aguiar, Felipe Kitadai e Maria Portela, Kiko quer dedicar 2012 inteiramente aos seus atletas, praticamente confirmados nos Jogos Olímpicos de Londres. Mas antes de se despedir do cargo que ocupou nos últimos quatro anos, ele fez uma análise de seu trabalho. Confira na entrevista abaixo:
Quanto o judô gaúcho cresceu nos últimos quatro anos?
Tenho certeza que muito, além de um crescimento quantitativo, tivemos um crescimento qualitativo, com importantes conquistas internacionais de atletas de diversas equipes de muitas cidades do interior do Estado. Também temos uma equipe competente de realização de eventos. Hoje sabemos o horário que os eventos será encerrado.
O senhor sabe quantas medalhas os gaúchos conquistaram neste período? Ou já perdeu as contas?
Do primeiro ao último ano fomos aumentando gradativamente, o importante foi que este quadro do PIB de medalhas gaúchas. Aumentamos o número de entidades que conquistaram medalhas. A origem desta medalha é muito importante.
Quais foram as quatro conquistas mais importantes desses quatro anos?
De mídia e visibilidade foram a medalha olímpica do Tiago Camilo (a primeira do RS), as medalhas da Mayra – de ouro no Mundial sub-20 e prata no Mundial sênior, essas duas em 2010, e a de bronze no Mundial sênior de 2011. Também não posso deixar de mencionar o ouro do Felipe Kitadai nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.
Quanto à base, o senhor é convicto em dizer que há uma renovação no judô gaúcho?
Com certeza, observamos clubes como o GN União, Kiai, Caju, Unisc, Canoas Rio Branco realizando excelentes trabalhos de base, revelando atletas com grande potencial, não deixando de destacar o atleta de Passo Fundo Alexandre Meneghini, muito bem orientado pelo Professor Rodrigo Bilhar.
Além do trabalho com os atletas, a preparação dos professores é muito importante. O que foi feito em seu período à frente da diretoria técnica?
Realizamos vários Cursos de Capacitação técnica e Credenciamentos Técnicos. Quando o Dr. Carlos me convidou para ser o diretor técnico da FGJ, eu lhe coloquei que minha missão era de tentar dar o padrão Sogipa nesta missão, ou seja, capacitar, dar a oportunidade dos professores crescerem. Muitas pessoas não sabem, mas a Sogipa me enviou a três edições dos Jogos Olímpicos e trouxe um técnico japonês em 1993 para passar um ano aqui no clube visando o ensinamento dos treinadores. Investimento como esse fica para sempre. Tenho certeza que cumpri esta missão. Capacitamos os nossos professores. O papel da FGJ não é só promover eventos, ela tem que se preocupar com o intelectual dos seus professores. Por outro lado, fico triste quando utilizam os credenciamentos técnicos como discurso político, quem crítica ou já sabe tudo ou está com o seu dojô lotado de campeões mundiais.
O senhor sempre defendeu o intercâmbio entre atletas e professores de outros estados. Achas que já conseguiu implementar essa cultura no RS?
Acredito que sim, neste período recebemos muitos países como Estados Unidos, Cuba, Equador e Argentina, entre outros. Em relação ao intercâmbio estadual esta rotina já está consagrada.
Quais as características que o judô gaúcho tem a melhorar para as próximas temporadas?
Temos que ter uma preocupação em não queimar etapas. Temos grandes promessas que não podem ser queimadas, e é muito fácil perder talentos no caminho. Outro aspecto que tenho que mencionar é que os clubes têm que tentar através de parcerias públicos e privadas agregar em suas equipes técnicas outros profissionais de auxílio no desenvolvimento dos atletas. Quando o João Derly foi campeão mundial era só eu e ele, mas hoje em dia isso é impossível. O João Derly é um fora de série, seu “case” de sucesso é de difícel compreenção. Aquelas conquistas foram únicas.
Quem são suas apostas de técnicos para os próximos anos?
Temos excelentes profissionais que estão realizando um grande trabalho, como Daniel Pires, Douglas Potrich, Sandro Nery, Rogrigo Bilhar, Leandro Freire, Luis Bayard, André Oliveira, entre outros. O Juliano Campos cresceu bastante, o Marco Antonio sempre revela novidades. O Rafael, do GN União, é um estudioso. Estamos no caminho certo, temos que acreditar que o caminho é a capacitação técnica.
Como foi sua relação com o dr. Carlos Eurico na relação Presidente/Diretor técnico?
Para mim foi uma honra ter trabalhado com ele. A paixão que ele tem pelo judô é contagiante. Às vezes, sendo bem honesto, eu ficava intrigado com algumas “cabecinhas não pensantes do meio” e ele me aconselhava que o nosso trabalho é um processo e sendo assim levaria algum tempo para sentirmos a evolução.
Algumas vezes o Departamento Técnico foi criticado por não realizar reuniões.
Tem um fenômeno ocorrendo no judô gaúcho. Há pessoas com trajetória pífia falando e escrevendo como se fossem autoridades. Realizamos muitas reuniões, sim, tínhamos um grupo de técnicos e definíamos as estratégias com este grupo. A pergunta é quem eram os técnicos? Aqueles que faziam parte do grupo de apoio político? Claro. Havia sempre ingresso de algum que vinha se destacando. As pessoas têm que saber que quando se forma uma gestão através das urnas, os vencedores sempre farão parte das decisões, aos derrotados abre-se a chance de participar através da meritocracia. Isto é uma questão polêmica, mas sempre acontece, e há um constrangimento em se falar que as coisas acontecem assim.
Por que você descartou sua permanência na direção técnica da FGJ?
Acredito que dei minha contribuição para o judô gaúcho. Tinha esta dívida com minha entidade, que tanto auxiliou no meu crescimento. Em 2012, tenho que me dedicar integralmente aos meus atletas que irão aos Jogos Olímpicos (Mayra, Kitadai e Portela). E também todos sabem que apoio integralmente a chapa de situação, porque faço parte do grupo de apoio. Conheço o professor Maduro há quase 30 anos e caso ele vença serei seu soldado, não coronel, e ajudarei sem nenhum cargo. O professor Maduro investiu muito nesta oportunidade e irá se sair muito bem nesta missão, tenho certeza disto. Também confio que o Carlos Eurico e o Henry irão atuar de forma decisiva no sucesso dos próximos quatro anos.
E o que fica dessa experiência?
Que todos os filiados da FGJ devem acreditar no processo federativo. E que vou agregar essa experiëncia de ter sido diretor técnico com o mesmo carinho das tantas conquistas minhas e do meu clube em todos estes anos.
14 respostas
Prof. KIKO,
Parabéns pela dedicação, e boa sorte em tua missão de elevar o judô gaúcho ao nível internacional,augusto
Excelente entrevista Prof Kiko. Agradecemos por tudo o que foi feito pelo Judô gaúcho. Parabéns nas conquistas e que venham outras . Miguel. Colégio Gonzaga/Pelotas
Interessante q as vesperas da eleição seja usado a maquina administrativa para fazer campanha. no minimo falta de etica e pq ele nao da os nomes? como sempre, falta coragem!
De todas as vivencias até hj na FGJ, esses últimos 4 anos sem duvida num todo o judô do RS cresceu e muito ,e independente da opinião de cada um o somatório é o melhor exemplo a ser seguido e o Prof.Kiko demonstrou isso nessa gestão ,parabéns ,SSSHHHOOOSS….
A trajetória do Kiko dispensa comentários, é sem dúvida um dos treinadores mais vitoriosos do judô brasileiro e com cinco medalhas em Mundiais Senior e uma em Olimpídas se credencia entre os nomes do judo internacional. Para o judô gaúcho vai ser importante a participação e a conquista de medalhas em Londres. A nossa torcida vai ser grande e acreditamos no sucesso. Agradeço o apoio recebido na entrevista e concordo que os fatos passam por cima das teses.
Valeu o empenho, parabéns a diretoria da FGJ, o resultado foi excelente,Ippon, soremade, que venha a próxima gestão, e sucesso Prof. Kiko……..
Tive um convívio quase diário com o Kiko durante sua gestão e sou testemunha do seu grande empenho em cumprir em seu papel. Muitas vezes não foi fácil conciliar o trabalho de Técnico da Sogipa com o cargo de Diretor Técnico da Federação. A cobrança por resultados em ambos os cargos o deixava muitas vezes com os nervos à flor da pele, mas de um jeito ou de outro, ele encontrou forças para realizar suas tarefas.
Falando como Diretora do Departamento de Judô da Sogipa e falando como mãe de atleta, só tenho a agradecer ao Kiko pelo apoio que nos deu nesse tempo. Para nós Sogipanos, ainda continuaremos sob sua influência e contaremos com sua ajuda, mas tenho certeza que ele também apoiará irrestritamente o Presidente Luis Maduro.
Sucesso em Londres!!!!!!!!
É obvio que o prof. Kiko tem um currículo vitorioso e isso nimguém pode tirar dele, é conquista que evidentemente mereceu porque trabalhou E SEI QUE NÃO FOI SÓ, TEVE MUITA GENTE COMPETENTE AJUDANDO NOS BASTIDORES e todo o RS tem consciência disso. Mas agora o Judô não é exclusividade de nimguém, é para todos que praticam e fazem parte diretamente ou indiretemente. Ah, e creio que quem tem coragem para exclamar suas idéias deve sim faze-lo indiferente de ser ou não um “ASTRO” DO JUDÔ CHEIO DE TITULOS E ETC… Não estamos mais na ditadura temos o direito da liberdade de expreção SENHORES. Prof. Paulo Guimarães JudoMar.
Sensei, esta entrevista demonstra a tua sensibilidade ao judô gaúcho, podia estar só acumulando títulos no teu clube , mas não. investiu no crescimento do judô gaúcho, parabéns pelo ato……
O Prof. Kiko realmente cumpriu a missão a que se propôs quando assumiu a Diretoria Técnica da FGJ.
Parabéns!
Muito boa a entrevista. Gostei bastante do trabalho do Kiko nestes
quatro anos. Foi visível a melhora dos eventos, em sua parte tecnica,
organização e investimento. Sempre existem erros e dificuldades, más
são necessérios para o crescimento. Parabéns ao Sensei Kiko, e sucesso
ao Professor Luiz Maduro.
Diego SOGIPA,
Grande mestre,sou seu fã, tudo que te envolve dá certo, vencedor,guerreiro,parabéns
Parabéns ao Prof. Kiko pela sensação de dever cumprido e também por ter reconhecido a importãncia da FGJ em sua trajetória – teve oportunidade, se esforçou, batalhou e conseguiu seu espaço. Precisamos que outros cresçam também. Temos muitos “Kikos” por aí trabalhando e a espera de uma chance.
Conseguimos avançar (e muito) em vários aspectos. Entretanto, nossa entidade tem muito a melhorar e a refletir no que diz respeito à concepção de democracia – o que, diga-se de passagem, não é nada fácil. O grande desafio, a meu ver, é conciliar as expectativas daqueles “com trajetória pífia” com os consagrados, os grandes com os pequenos, os mais estruturados com os mais pobres, o alto rendimento com o comunitário, etc. Fazer com que as pessoas que se propoem a construir esse patrimônio chamado JUDÔ não tenham motivos para se sentirem excluídas. Até porque, parafraseando o sociólogo alemão Karl Marx:”a prática é o critério da verdade”. Portanto, meus caros colegas, é a prática que separa aqueles que constroem dos que possuem apenas uma bela retórica e nenhum compromisso prático com legado do nosso Shihan.
Um forte abraço e um 2012 cheio de boas novas a todos!
Luciano.
Parabens ao grande Professor Kiko, um verdadeiro trabalhador do judo. Fica o exemplo a ser seguido. Sucesso e muitas comquistas.