Garra e determinação são dois adjetivos que não faltam no dicionário de Andréia Ambrósio, 42 anos. A gaúcha, mãe de cinco filhos, ficou cerca de duas décadas afastadas de competições e no último dia 20 de junho superou uma série de dificuldades para conquistar a medalha de ouro no Campeonato Mundial de veteranos, em Frankfurt.
A trajetória até o degrau mais alto do pódio na Alemanha não foi tranquila. Pelo contrário. Antes de sagrar-se vencedora em Frankfurt, Andréia foi campeã na vida. Tudo graças ao esforço para realizar o que por vezes pareceu impossível – e sem nunca deixar de contar com os amigos de esporte.
Da menininha que aprendeu a gostar de judô apenas observando o irmão treinar na Fronteira até a mulher que precisou comprar quimonos horas antes de lutar um Mundial do outro lado do oceano. Confira a história vencedora narrada pela própria Andréia na entrevista abaixo.
Onde você começou a treinar e onde você dá aulas hoje?
Minha trajetória não é nada convencional dentro do judô. Eu nasci em Porto Alegre, mas fui criada em Santana do Livramento. Hoje sou professora de Educação Física e pós-graduada em dança. Dou aula em muitas escolas, estaduais e particulares. Algumas de judô (em toda a rede São Francisco), e nas escolas Aurélio Reis e Otávio Rocha. Mas cheguei a ficar 20 anos fora dos tatames quando casei, apenas dava aulas. Desde que voltei, há três anos, já ganhei dois Sul-Americanos e dois Brasileiros neste pequeno tempo. Treino hoje no GN Gaúcho com o sensei Cid (Corrêa), responsável pelo meu treinamento físico e técnico.
Conte sua história no judô.
Quando eu tinha uns oito anos, passou em minha escola um grupo do Exército Brasileiro convidando uma criança por família, por meio de uma bolsa, para participar de um esporte com uma filosofia oriental que ajudava na disciplina, autonomia etc. Meu irmão foi o agraciado. Mas fui incumbida pelos meus pais de acompanhá-lo.
Comecei a ficar muito interessada, mas como era uma cidade do interior era complicado uma menina treinar e, além disso, não possuía recursos para pagar a mensalidade. Então, passado algum tempo, em uma troca de faixa, desafiei o professor ao dizer que conseguiria fazer todos os golpes e ainda sabia o histórico do judô. Combinei que se fizesse tudo certo ele me deixaria fazer judô. Ele aceitou e eu demonstrei tudo correto e lá fiquei por muito tempo.
Depois troquei de local por ter ficado muito longe de minha casa. Fui para a academia Mitsuyo com um professor chamado Simão Cardoso, que era faixa marrom. Quando comecei a ganhar os campeonatos regionais e estaduais ele foi chamado até Porto Alegre e promovido a faixa preta. Em seguida, o Grêmio F.P. me chamou para competir por eles.
Relembre a sua trajetória até Frankfurt. Você tem patrocinadores? Qual foi a importância deles para que você pudesse ir a Frankfurt e lutar?
Chegava a hora do Mundial e vieram vários problemas. O maior deles era um patrocinador que quisesse investir numa pessoa da minha idade e fora da mídia. Tentei todos os recursos e quando eu já havia desistido a Fulbra me deu uma chance bancando as minhas passagens e de um acompanhante, além de diárias de hotel para treinar uns dias antes do campeonato, em Paris. Mas ainda faltava o restante. Apareceu então a Trilha Esportes, que patrocinou parte da alimentação e diárias na Alemanha, menos minha inscrição. Não tive dinheiro para pagar o certificado, pois custava 45 euros, e nem para os patches.
Como tudo era muito caro lá na Alemanha descobrimos que as garrafas valiam muito e, como bons brasileiros, eu e meu marido vendemos muitas (risos). Conseguimos nos deslocar, comer e até comprar uns presentinhos para a família (risos). Porém, tive meus judoguis barrados por estarem inadequados e mais uma vez as garrafas e amigos serviram de ajuda. Tive que comprar dois. Não tinha mais do meu tamanho precisei comprar dois enormes. Tenho que conseguir mais dois agora para os outros campeonatos (risos).
Qual o momento mais difícil e quando você sentiu que dava para ser campeã?
Eu tenho ciência que aprendi com os senseis Simão Cardoso e Osvaldo Monteiro o verdadeiro judô – aquele com muita garra, pouca força e muita resistência. Isso me valeu em Frankfurt, pois quando vi minhas adversárias fiquei assustada e com medo. Imaginei que elas num nível bem maior que o meu. Mas lutei com garra e tendo em mente que era a minha hora e se eu estava ali não era para cumprir rotina e sim questão de superação.
Qual a sensação de subir no degrau mais alto de um pódio de uma competição em nível mundial?
Eu não conseguia parar de rir quando subi no pódio. É uma sensação inebriante com um misto de choro, por saber que passei por tanta coisa para chegar até ali. E, claro, felicidade pela missão cumprida. Em Frankfurt, tive um técnico muito experiente e com uma paciência incrível perante meus erros. Sempre me instigando e instruindo sabiamente durante os combates: Cacá (Carlos Eurico da Luz Pereira, presidente da FGJ), meu amigo de infância dos pagos do interior.
Que experiência você pode passar aos seus alunos depois da conquista?
Falo para os meus alunos que o medo e respeito pelas minhas adversárias me valeram de aprendizado, pois reforçaram meu judô técnico e não pautado em força física.
10 respostas
PARABÉNS ANDRÉIA!
É importante não esquecer as origens e o trabalho de seus primeiros professores.
Lembro-me de você, ainda pequena, fazendo misérias nas competições da FGJ.
Não era difícil de se imaginar que, um dia, seu valor iria ser conhecido, também, além mar.
Abraços.
Valeu guerreira, te admiro muito, grande beijo
Parabéns Andreía, sua trajetória no Judô é uma lição de de vida e um exemplo para os judocas do interior do estado….
Parabéns guria tu merece foi um prazer estar junto com vocês neste evento grandioso.
Parabéns pela sua conquista.
Um forte abraço.
Novamente te parabenizo judoca Andréia , mostrando ao mundo a incontestável qualidade do judÔ feminino e gaucho , SSSHHHHOOSSSAA….
Parabéns sensei!!
tu merece!!!
Vc merece,bjssssss
luto para ser quem a minha sansei andréia parabéns bejss
PARABENS SENSEI ANDREIA VC MERECE SEI QUE VC LUTOU MUITO PARA CONSEGUIR ESSE TITULO.